Parabéns, pai

Faz hoje cinquenta anos que nasceu uma estrela. Segundo a minha avó, por volta das sete da manhã, se não estou em erro. Não pensem que é uma estrela qualquer... É a minha estrelinha protectora. Aquela que esteve e está sempre lá, mesmo quando eu não dei conta.

Com uma vida algo atribulada, mas com muita força de viver. Não tinha o melhor feitio do mundo, mas quem o tem? Há quem diga que sou toda pai, feitio incluído. Isso não é muito bom, tenho que ser sincera. Mesmo sendo a pessoa mais bondosa e solidária, a falta de paciência para certas coisas e certas pessoas não lhe ficava nada bem, nada mesmo. Eu provavelmente tenho uma versão mais soft dessa maneira de ser... E, agora que penso nisso, compreendo-o.

Em vida, não chegou aos quarenta e cinco anos. Ficou tanto por dizer, por presenciar, por sentir... Por viver. No entanto, hoje não é um dia triste para mim. Espero que também não o seja para ele. O dia de hoje faz-me pensar o quanto ele ainda está vivo e há-de estar por muitos e bons anos. A verdade é que ele fez a diferença para muitas e muitas pessoas, e isso não se vai desvanecer assim tão depressa.

As histórias contadas pela boca de tanta gente. As memórias de tudo o que foi vivido. Enfim, tanta coisa...

A lei da vida é mesmo assim. Claro que ainda choro. Claro que ainda me custa. Claro que isto nunca vai passar. Mas, caramba... Ele está sempre lá. Ainda ontem falei com ele! Hoje provavelmente também, mas não me lembro. É raro falar em voz alta... Falo mais com o coração.

Parabéns, pai. Obrigada por seres a minha estrelinha mais brilhante.